Geoquímica isotópica
A geoquímica é um ramo da geologia e da química que estuda a composição química no meio ambiente, processos químicos e reações que determinam a composição de rochas, solos, corpos de água e dos ciclos de matéria e energia nos ecossistemas. Sendo a função principal estudar os processos que dão origem e regem a distribuição e migração dos elementos químicos e os fenômenos observados na Terra e em nosso sistema solar.
Coleta de solo na fazenda da Universidade Federal Fluminense
Já os Isótopos são átomos do mesmo elemento com diferentes números de nêutrons em seu núcleo, essa diferença faz com que cada um desses átomos possuem diferentes massas, o que leva a uma diferença na velocidade de reação e na preferência de certas massas estarem mais presentes em reações com ligações mais fortes, chamamos essa diferença de fracionamento. Existem dois tipos de isótopos, os instáveis e estáveis. O primeiro é composto por átomos radioativos que decaem com o tempo (sendo essa característica mais determinante em processos que envolvem esses átomos), já os estáveis são átomos que não decaem com o tempo. As aplicações estudadas no LARA na área de geoquímica isotópica tem como foco os isótopos estáveis de compostos orgânicos.
Análises elementares (Bulk) e de seus compostos orgânicos permitem o uso de biomarcadores baseados em razões isotópicas de carbono (δ13C), deutério (δ2H), nitrogênio (ő15N), oxigênio (δ18O) e enxofre (δ34S). Isto se deve ao fato de que a matéria orgânica presente em sedimentos e outras matrizes ambientais apresenta uma série de indicadores, que podem ser utilizados na reconstrução paleoambiental e ambiental dos sistemas estudados. Trata-se de uma complexa mistura de lipídios, carboidratos, proteínas, ácidos graxos e outros componentes, produzidos por organismos que podem fornecer informações sobre variações ambientais locais ou regionais, ocorridas naturalmente ou induzidas pelo Homem.
Atualmente a técnica de CSSI (Compound-Specific Stable Isotope), acoplada a análises orgânicas elementares, é considerada o que há de mais inovador em análises isotópicas. Através de medições das proporções de ocorrência natural de isótopos estáveis em diversos compostos dos indivíduos, que compõem a matéria orgânica presente em amostras sedimentares, pode-se identificar com uma grande margem de segurança a origem da matéria sedimentar. Por exemplo, podem ser verificadas diferentes assinaturas (“impressões digitais”) isotópicas de carbono em indivíduos oriundos de espécies de plantas C3 e C4, organismos bentônicos, fito e zooplanctônicos, etc. Assim, estes compostos orgânicos são cruciais na identificação e quantificação de alterações em ecossistemas terrestres e marinhos, além de testar o quanto a decomposição da matéria orgânica e a fisiologia microbiológica são sensíveis à variação da temperatura. Adicionalmente, as medidas das razões isotópicas de carbono (δ13C), são essenciais em estudos de gases, tais como CO2 e CH4, que estão relacionados com a ocorrência do efeito estufa. Esses exemplos mostram que a proporção relativa de isótopos de compostos específicos é significativamente correlacionada com importantes processos ambientais.