Sobre o LARA

O LARA foi criado em 9 de agosto de 1999, no Instituto de Física da UFF, concretizando a proposta de realizar atividades de pesquisa e ensino em Física Nuclear Aplicada que fossem desenvolvidas integralmente em nosso Instituto. Para tanto, foram introduzidas metodologias multidisciplinares capazes de despertar o interesse científico de nossos estudantes de graduação e pós-graduação em temas relevantes da física moderna. Desde a sua configuração inicial, a participação de alunos no aprimoramento deste laboratório é fundamental. Assim, o LARA, que carinhosamente recebeu o nome de uma menina, a cada dia vem crescendo e lapidando suas descobertas sobre as interações de isótopos estáveis e radioativos com o meio ambiente.

Em sua proposta inicial, foram realizadas pesquisas ambientais (radioecológicas, geofísicas, geocronológicas, biológicas), visando a compreensão do funcionamento de ecossistemas terrestres e aquáticos e suas interrelações com a evolução da ocupação humana e da megafauna, baseados no uso de traçadores radioativos naturais e artificiais.

Já em 1999, o LARA realizou um importante trabalho científico na área de radioproteção, radiação ionizante ambiental e efeitos biológicos. O projeto compreendeu avaliar as consequências ambientais e sociais provocadas pelo acidente radiológico com césio 137 (137Cs), ocorrido em 1987 na cidade de Goiânia (GO). Contando com a participação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), o LARA foi o responsável pela identificação de uma contaminação remanescente de 137Cs no subsolo em um dos antigos depósitos de ferro-velho envolvidos naquele acidente e que poderiam produzir danos à saúde de seus habitantes atuais. Como resultado, em agosto de 2001 foi realizada uma nova intervenção pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para reparar este problema.

Em 2002, o LARA passou a abordar temas radioecológicos, através da aplicação de 137Cs como um traçador da absorção, transporte e destino de nutrientes em plantas tropicais e subtropicais. Também foram realizados mapeamentos geológicos e radioecológicos de rochas e sedimentos, transporte de sedimentos, incluindo a compreensão de seus efeitos naturais e impactos tanto sobre a construção quanto a erosão costeira, além da compreensão da evolução de sua ocupação pré-histórica. Foi aplicado 222Rn como traçador de processos geodinâmicos em ambientes subterrâneos (cavernas naturais e minas). Neste período, o LARA também desenvolveu trabalhos sobre Ensino e Física abordando a exposição a fontes artificias e naturais de radiação ionizante e o ensino de radioecologia.

Com o LARA tendo atingido um amadurecimento científico e tecnológico, além do CNPq, FAPERJ e CAPES, ele passou a ser apoiado pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para se tornar um centro multiusuário capaz de aplicar técnicas nucleares, de isótopos estáveis e correlatas para auxiliar no aprimoramento de práticas sustentáveis de gestão do solo e de recursos hídricos e que estão correlacionadas com a Agenda 2030 na América Latina e no Caribe (LAC). Atualmente, o LARA possui setores de preparação e análise de amostras, com infraestruturas física e humana únicas na América Latina capazes de dar apoio analítico, cursos de treinamento e serviços especializados para outros países, dentro do programa ARCAL (Acuerdo Regional de Cooperación para la Promoción de la Ciencia y Tecnología Nucleares en América Latina y El Caribe) da IAEA. Seus projetos buscam auxiliar pesquisadores, decisores políticos e beneficiários locais na proteção, restauração e promoção do uso sustentável dos ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, a fim de reverter a degradação ambiental e a perda de biodiversidade, inclusive por meio do reforço da sua capacidade de resiliência.